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Ministério da Cultura divulga raio-X das bibliotecas públicas municipais brasileiras

5 maio

Pesquisa da FGV, encomendada pelo ministério, revela o perfil das Bibliotecas Públicas Municipais (BPMs) de todo o país. Mapeamento permitirá o aperfeiçoamento das políticas para o setor.

Brasília, 30 de abril de 2010 – O 1º Censo Nacional das Bibliotecas Públicas Municipais mostra que, em 2009, 79% dos municípios brasileiros possuíam ao menos uma biblioteca aberta, o que corresponde a 4.763 bibliotecas em 4.413 municípios.

Em 13% dos casos, as BPMs ainda estão em fase de implantação ou reabertura e em 8% estão fechadas, extintas ou nunca existiram. Considerando aquelas que estão em funcionamento, são 2,67 bibliotecas por 100 mil habitantes no país.

O levantamento aponta que as BPMs emprestam 296 livros por mês e têm acervo entre 2 mil e 5 mil volumes (35%). Quase a metade possui computador com acesso à internet (45%), mas somente 29% oferecem este serviço para o público. Os usuários frequentam o local quase duas vezes por semana e utilizam o equipamento preferencialmente para pesquisas escolares (65%).  Quase todas as bibliotecas funcionam de dia, de segunda à sexta (99%), algumas aos sábados (12%), poucas aos domingos (1%). No período noturno, somente 24% estão abertas aos usuários.  A maioria dos dirigentes das BPMs são mulheres (84%) e tem nível superior (57%).

Foram pesquisados todos os 5.565 municípios brasileiros. Em 4.905 municípios foram realizadas visitas in loco para a investigação sobre a existência e condições de funcionamento de BPMs, no período de setembro a novembro de 2009. Os 660 municípios restantes – identificados sem bibliotecas entre 2007 e 2008 pelo Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas e atendidos pelo Programa Mais Cultura com a instalação de BPMs – foram pesquisados por contato telefônico, até janeiro deste ano.

O Censo Nacional tem por objetivo subsidiar o aperfeiçoamento de políticas públicas em todas as esferas de governo – federal, estadual e municipal – voltadas à melhoria e valorização das bibliotecas públicas brasileiras. Segundo o levantamento, em 420 municípios as BPMs foram extintas, fechadas ou nunca existiram. O MinC – por meio da Fundação Biblioteca Nacional, com recursos do Programa Mais Cultura – em parceira com as prefeituras municipais, promoverá a implantação ou reinstalação dessas bibliotecas, com a distribuição de kits com acervo de dois mil livros, mobiliário e equipamentos, no valor de R$ 50 mil/cada, totalizando R$ 21 milhões. As BPMs receberão, ainda, Telecentros Comunitários do Ministério das Comunicações.

Região Sul tem mais bibliotecas por 100 mil habitantes

O Sul é a região brasileira com mais bibliotecas por 100 mil habitantes (4,06), seguida do Centro-Oeste (2,93), Nordeste (2,23), Sudeste (2,12) e Norte (2,01).

Tocantins (7,7 por 100 mil) é a unidade da federação com melhor índice, bem à frente das demais: Santa Catarina (4,5), Minas Gerais (4,1) e Rio Grande do Sul (4,0). Entre os piores índices estão Amazonas (0,70), Distrito Federal (0,76), Rio de Janeiro (0,86), Acre (1,44), Pará (1,60) e São Paulo (1,62).

Já  o município brasileiro com maior número de bibliotecas neste quesito é Barueri/SP (4,07 por 100 mil habitantes), seguido por Curitiba/PR (2,97) e Santa Rita/PB (2,36). Entre os piores índices estão Fortaleza/CE (0,03), Manaus/AM (0,05) e Salvador/BA (0,06).

Segundo a pesquisa, a região Sudeste é a que possui mais municípios com bibliotecas abertas (92%), seguida do Sul (89%), Centro-Oeste (81%), Norte (66%) e Nordeste (64%).

O Distrito Federal, com apensas uma cidade (Brasília), é a unidade da federação que tem mais municípios com bibliotecas (100%), seguida pelo Espírito Santo (97%) e Santa Catarina (94%). O Piauí (34%) e o Amazonas (37%) têm os menores percentuais.

O Nordeste do país é a região que receberá mais kits do governo federal para a implantação de bibliotecas: 161 municípios, seguida pelo Sudeste (104), Sul (67), Norte (51) e Centro-Oeste (37). As cidades que não receberão kits já estão reabrindo ou implantando suas bibliotecas.

Capitais têm  índices baixos de bibliotecas por 100 mil habitantes

De uma lista com 263 municípios brasileiros com mais de 100 mil habitantes, as capitais têm índices mais baixos. A exceção é Curitiba (2,97). A 2ª melhor no ranking é Palmas/TO (1,06) – mas está em 28º na lista, enquanto a 3ª é Brasília/DF (0,76) – 100ª colocação. Todas as demais capitais ficam abaixo desta colocação. A única capital que não possuía BPM aberta na ocasião da pesquisa era João Pessoa/PB. O prédio encontrava-se em reforma e a BPM já havia recebido kit de modernização do Programa Mais Cultura.

Maioria usa BPMs para pesquisa escolar

Em todo o país, os frequentadores das bibliotecas municipais vão aos estabelecimentos para fazer pesquisas escolares (65%), pesquisas em geral (26%) e para o lazer (8%). Os nordestinos e os nortistas registram a maior frequência para pesquisa escolar (75%), enquanto os usuários do Sudeste são os que mais frequentam para o lazer (14%). Entre os estados em que o uso da biblioteca para pesquisas escolares é maior está o Amapá (91%) Por sua vez, os frequentadores de São Paulo são os que mais vão às bibliotecas para o lazer (22%).

Os assuntos mais pesquisados nas bibliotecas são Geografia e História (82%); Literatura (78%), e obras gerais – enciclopédias e dicionários – (73%). Neste quesito, a resposta era de múltipla escolha e, portanto, a soma é superior a 100%.

Usuário visita biblioteca cerca de duas vezes por semana

Segundo o levantamento, a média de visita ao estabelecimento é de 1,9 vez por semana. Os moradores do Nordeste são os que mais frequentam bibliotecas municipais (2,6 vezes por semana), enquanto a média do Sul e do Sudeste é a mais baixa (1,6 por semana). Norte e Centro-oeste têm frequências de 2 e 1,8 vezes por semana, respectivamente.

Roraima é o destaque, com ida de 4,1 vezes por semana, seguida por Pernambuco (3,7) e do Distrito Federal (3,5). Os piores índices de frequência ocorrem no Acre, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Sergipe (ambos com uma vez por semana).

Origem do acervo da maioria das bibliotecas é doação

O acervo da maioria das bibliotecas é constituído por doação (83%). O Nordeste é a região onde as doações são maiores (90%), seguido pelo Sudeste (85%) e Centro-Oeste (84%). Por outro lado, o Sul tem o maior índice de compra de acervo (28%), seguido pelo Norte (19%).

Na média brasileira, a maior parte das bibliotecas tem acervo entre 2 mil e 5 mil volumes (35%). Nas demais faixas: até 2 mil volumes (13%), entre 5 mil e 10 mil (26%) e mais de 10 mil (25%). É no Sudeste que se concentra a maior quantidade de bibliotecas com acervo superior a 10 mil volumes (36%). Por outro lado, a maior quantidade de bibliotecas com até 2 mil volumes está concentrada no Norte (25%).

Sudeste lidera média de empréstimos de livros

A média nacional de empréstimos domiciliares é de 296/mês. Os moradores do Sudeste são os que mais fazem empréstimos (421/mês), seguidos do Sul (351/mês), Centro-Oeste (157/mês), Nordeste (118/mês) e Norte (90/mês).

Entre os estados, São Paulo faz mais empréstimos (702/mês), seguido do Distrito Federal (559/mês) e Paraná (411/mês). As menores médias ocorrem no Amapá (11,7/mês), Tocantins (43,5/mês) e Maranhão (52/mês).

Menos de 10% das BPMs oferecem serviço para pessoas com deficiência

Apenas 9% das BPMs oferecem serviços para deficientes visuais (audiolivros, livros em Braille, etc.). No caso dos serviços especializados para surdo-mudos, deficientes mentais ou físicos, o índice cai para 6% das bibliotecas.

Apenas 24% das BPMs funcionam à noite e 1% aos domingos

A grande maioria dos estabelecimentos funciona de dia, de segunda à sexta (99%). Somente 12% abrem aos sábados e 1% aos domingos. O Sudeste é onde existe um percentual maior de bibliotecas que funcionam aos sábados (14%), seguido do Centro-Oeste (13%), Sul (12%), Norte (11%) e Nordeste (6%).

À noite, 24% dos estabelecimentos estão abertos. No Nordeste é onde está a maior parte das bibliotecas que funciona à noite (46%), seguida do Norte (28%), Centro-Oeste (21%), Sul (18%) e Sudeste (12%).

Quase metade das bibliotecas tem acesso à internet

A pesquisa da FGV revelou também que 45% das bibliotecas têm computadores com acesso à internet. O Sul concentra o maior percentual de estabelecimentos com acesso à internet (65%), enquanto o Norte tem o menor (20%). No entanto, em apenas 29% das BPMs do país os usuários têm acesso direto à internet. Mais uma vez o Sul lidera este item (45%), enquanto o Norte tem a menor quantidade (15%).

Maioria das BPMs desenvolve programação cultural

A  maioria das BPMs oferecem alguma atividade cultural (56%). Entre os serviços prestados a seus usuários, o mais recorrente é a Hora do Conto – ocasião em são contadas histórias para as crianças e jovens. Este serviço é oferecido em 29% dos estabelecimentos. Já 25% promovem oficinas de leitura e 24% realizam roda de leitura.

Dirigentes das BPMs são mulheres e têm nível superior

O levantamento mostra que 84% dos dirigentes das bibliotecas são mulheres. Em Santa Catarina, Acre e no Rio Grande do Norte o índice chega a 90%, seguidos por Paraná (88%) e Pernambuco (87%). A maioria dos dirigentes tem nível superior (57%). O Acre é onde o grau de instrução é maior (80%) e o Amapá, a menor (27%).

Na média nacional, as BPMs têm 4,2 funcionários – o Nordeste tem o maior índice (5,7), seguido do Norte (4,5), Sudeste (4,1), Centro-Oeste (3,5) e Sul (3,0). O Distrito Federal é a unidade da federação com a maior quantidade de funcionários (8,1) e Santa Catarina é a que tem a menor (2,4).

Mais informações
Neila Baldi, assessora de Imprensa da Diretoria do Livro, Leitura e Literatura, do MinC, pelos telefones 61 2024 2628/30, 61 9104.3514, ou pelo email
neila.baldi@cultura.gov.br

Marcelo Lucena, assessor de Imprensa do MinC, no telefone 61 2024 2407 ou pelo email Marcelo.Silva@cultura.gov.br

Susanna Scarlet, assessora de Imprensa do MinC, no telefone 61 2024 2407 ou pelo email Susanna.scarlet@cultura.gov.br

Rafael Ely, assessor de imprensa da Secretaria de Articulação Institucional/MinC, pelos telefones 61 2024-2325/2345 ou pelo email Rafael.ely@cultura.gov.br

Disso eu duvido: estabelecer bibliotecas públicas em todos municípios até julho

27 abr

Da série de notícias conversa para bezerro velho dormir…

Brasil vai ter bibliotecas públicas em todos

os municípios até julho

O Ministério da Cultura estabeleceu julho como prazo para cumprira metade ter pelo menos uma biblioteca em cada um dos 5 562 municípios brasileiros. Atualmente, 331 cidade do país ainda não têm qualquer tipo de biblioteca, seja municipal ou em escolas públicas. Para o coordenador de Articulação Federativa do Programa Mais Cultura, Fabiano dos Santos, o marco é importante, mas também é preciso olhar para as condições desses espaços.

Zerar o número de municípios sem biblioteca no Brasil é uma dívida social centenária que temos com a sociedade brasileira. É fundamental que o país consiga alcançar essa meta, mas é preciso criar uma rede articulada para que essas bibliotecas se tornem um espaço de formação de leitura, disse Santos, em entrevista Agência Brasil.

Segundo ele, nos meses de maio e junho será feita a entrega dos últimos kits para os municípios, com um acervo de 2,5 mil livros equipamentos eletrônicos e mobiliário. A data para inauguração desses espaços está marcada para 25 de julho, quando será promovido pelo ministério o Dia D da Leitura em todo o país. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve ir a uma dessas localidades para a inauguração de uma biblioteca.

Para o pesquisador do Instituto Pró-Livro, Galeno Amorim, a notícia deve ser comemorada. A biblioteca tem um papel extraordinário no desenvolvimento e na formação de leitores. Não existe um único país do mundo que tenha conseguido chegar condição de desenvolvido sem ter antes resolvido o seu problema de acesso educação e aos livros, aponta. Mas ele lembra que é fundamental criar estratégias nacionais para que as bibliotecas funcionem de maneira adequada.

Além de implantar a biblioteca em locais em que ela não existe Santos conta que o ministério está modernizando outros equipamentos em 400 municípios. De acordo com Galeno, o país tem hoje 6 mil bibliotecas municipais e 60 mil escolares, além das comunitárias. Mas muitas delas estão em situação precária, o que acaba afastando o leitor em potencial.

Apenas um em cada 10 brasileiros vai com freqüência a um biblioteca. Quando o leitor vai uma, duas, três vezes biblioteca e não encontra o livro, ele começa a se desinteressar Eles acham que de alguma maneira podem estar perdendo tempo e se afastam da biblioteca, explica. Uma das principais estratégias para atrair o público é garantir um horário de funcionamento da biblioteca para além do expediente comercial e, além disso, garantir que haja profissionais habilitados trabalhando nesses espaços, além de acervos periodicamente atualizados.

Para receber um kit biblioteca do Ministério da Cultura, a prefeitura precisa criar a biblioteca por lei, estabelecer dotação orçamentária e quadro funcional para a manutenção do espaço, além de prever uma programação cultural para o local. O que está por trás disso tudo é um conceito de biblioteca como centro de produção e difusão da arte e da cultura, como espaço dinâmico e interativo, não apenas de ser um depósito de livros, mas um espaço de acesso aos bens culturais e formação de leitura explica Santos.

A maioria dos pouco mais de 300 municípios que ainda não têm biblioteca são da Região Norte e Nordeste. Mas, segundo Santos, é possível que o número seja maior. Isso porque os sistemas nacionais e estaduais de bibliotecas, utilizados para fazer esse levantamento, apontam que em um local há uma biblioteca, mas ela pode ter sido fechada, diz. De acordo com o coordenador, o ministério está fazendo uma pesquisa in loco para checar o funcionamento desses espaços.

Santos conta, ainda, que em alguns municípios a prefeitura diz não ter interesse em receber uma biblioteca. Como eles têm que ter o espaço, além de criar a biblioteca, alguns prefeitos têm resistência. Eles não consideram que seja um equipamento importante para a cidade, diz. Ele pede aos moradores de cidades sem biblioteca que entrem em contato com o ministério para informar a situação. Um link no site do ministério permite o acesso a um formulário para que o problema seja comunicado.

Galeno Amorim, do Instituto Pró-Livro, sugere que, nesses casos, a sociedade pressione as autoridades locais para exigir o que é um direito, o acesso cultura.

Fonte: Agência Brasil

Artigo

23 mar

Problemática do livro e da leitura no Ceará

Mileide Flores

O livro é um instrumento universal de educação e, portanto, se faz necessário que todos tenham acesso a ele, independente de qualquer fator restritivo. Assim, livro é cultura. O poder de uma sociedade é dado pela capacidade comunicativa e pelo capital de informação de seus cidadãos, por isso, livro é direito. Mas, livro é negócio de editores, distribuidores e livreiros, logo, livro também é mercadoria.

O Brasil é considerado, historicamente, um país onde pouco se faz uso da leitura, daí a necessidade permanente de induzir, apoiar e desenvolver pontos de leitura, de distribuição e de venda do livro. São contraditórios os dados referentes ao mercado brasileiro do livro: o alto preço contrasta com o baixo poder aquisitivo da população; políticas governamentais de fomento à produção de livros contrastam com o baixo acesso e prejuízos das livrarias.

É necessário que haja alta produção, baixo preço e uma grande malha de livrarias e bibliotecas para garantia da máxima visibilidade do livro em todo o território nacional. Neste sentido, ressalte-se que não adianta se discutir política pública de leitura sem passarmos pelo entendimento do que se faz com ela. Não se concebe que numa discussão sobre “leituras” não se inclua a busca de superação de um fato dramático: estudantes brasileiros estão terminando o ensino fundamental sem conseguir interpretar um texto de poucas linhas. Este fenômeno parece ser reflexo da busca desenfreada de resultados indicados apenas pelo quantitativo da formação de leitores, sem qualificá-los no essencial que é a capacidade de se interpretar o que se lê.

Não é possível conceber política pública, em qualquer setor, se a sociedade não for envolvida em sua discussão. Neste caso, os professores, os bibliotecários, os escritores, os livreiros, os editores, os gráficos, o poder público, as ONGs, as associações de bairros, os intelectuais, os leitores inseridos em qualquer segmento sem a harmonia necessária para transformar o seu bairro, a sua cidade, o seu estado e o seu país em um Mundo de Leitores, de todas as leituras. Por isso é urgente a necessidade de ampliarmos as discussões na Câmara Estadual do Livro e da Leitura.

Focando a pauta, que é dupla e imbricada – “Problemática do livro e da leitura no Estado do Ceará” e “Situação empregatícia e funcional dos bibliotecários cearenses” – percebe-se, primeiro, sua radical complementaridade, e, segundo, a necessidade de uma escolha de ângulo. Como representação do SINDILIVROS/Ce, a escolha natural é a da problemática do livro e da leitura, destacando a fragilidade ou mesmo inexistência do setor livreiro no Estado do Ceará.

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