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Crônica Visitante – Fórum de Literatura

1 fev

Há alguns anos, Murilo Martins e eu, fomos a Recife para um congresso de academias de letras do nordeste. Acorreu gente de diversos estados. Achei estranho que na noite da abertura à mesa diretiva só tivesse pernambucanos. Comentei com o Murilo. No dia seguinte, observei a mesma coisa. Só pernambucanos na direção das mesas e grupos de estudos e todos os demais nordestinos na platéia. Levantei-me e reclamei.  Foi um escarcéu. Conto este fato para dizer que, nesta semana, por iniciativa da Secretaria de Cultura do Ceará, houve uma reunião, previamente agendada, para se criar um Fórum de Literatura Cearense.

A conversa foi aberta, franca e todos tiveram vez. Não se agiu à moda pernambucana. Auto Filho parece ter auscultado o seu espírito gramsciano e agiu como um democrata.  A pauta foi discutida por todos, desde as secretarias de cultura do Ceará, de Fortaleza e de Maracanaú, academias Cearense e Fortalezense, grupos que publicam jornais culturais, autores, intelectuais, curiosos e até por membros do Clube do Bode, essa desinstituição – desinstituição mesmo – que comete cultura, vez por outra.

Pois bem, louvo o modo como todos se conduziram, sem pensar em hierarquia, discutindo, ponderando no todo e admitindo haver necessidade de repensar coletivamente a literatura cearense que, no dizer do Carlos Emílio Correia Lima, vanguardista e polêmico escritor, precisa se tocar e mostrar uma nova cara. Não dá mais para brincar de cultura e literatura, ou restringi-la apenas aos acadêmicos, tampouco se empanturrar com salgadinhos e bebidas em lançamentos contínuos de livros que são publicados e que não têm, na sua maioria, qualidade literária alguma.

É bom lembrar o célebre diálogo shakespeareano entre Polônio e Hamlet em que aquele pergunta a este: “O que estais lendo, meu Senhor?” Ao que Hamlet responde: “palavras, palavras, palavras”. Um aglomerado de palavras não é, necessariamente, um livro.  É bom que a fogueira das vaidades diminua suas chamas e a modéstia possa habitar as mentes dos que estão, a partir da tarefa delegada, incumbidos de  institucionalizar o Fórum, como elemento condutor de um novo tempo para a literatura cearense. Seja este ano de 2009, regido pelo sol, o astro a iluminar a nossa  equatorial terra comum e que, igualmente,  possa aquecer a imaginação de  todos os intelectuais e agentes da cultura,  encarregados da faina. Mãos à obra.

João Soares Neto

Publicado no Portal dos Amigos do Livro

Escritores comentam a vida da escrita

28 jan

Neste vídeo da FLIP 2008, escritores falam sobre a profissão escritor…

Michel Laub, Emilio Fraia, Vanessa Barbara e Adriana Lunardi respondem a uma pergunta de João Moreira Salles:

Fonte: Blog da FLIP 2008

Fórum de Literatura Cearense

27 jan

Ata de Reunião de Criação do Fórum de Literatura Cearense

(para o Por um Pacto Social pelo Livro)

Ata da reunião para Criação de Fórum de Literatura Cearense realizada aos 13 dias de janeiro de 2009, às 19h30min, no Salão Meireles do Ideal Clube, Fortaleza, Ceará, reuniram-se cerca de 40 pessoas, escritores e/ou representantes de instituições literárias, listados abaixo, respondendo ao convite da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará, para a constituição do Fórum de Literatura Cearense.

Como pautas propostas por esta Secretaria:

1.Política de aquisição de livros de autores cearenses para as Bibliotecas Públicas Municipais

2.Política de publicação da SECULT e co-edição local e nacional

3.Programa de exportação da Cultura Cearense

4.Programa de divulgação dos autores cearenses (Feiras Regionais, Feiras do Sebo, Bienal Internacional do Livro e outros eventos)

5.Concursos Literários

6.Instituto Estadual do Livro e da Leitura

7.Criação do Fórum de Literatura Cearense

A reunião foi presidida pelo Secretário Auto Filho que compôs a mesa juntamente com o Presidente do Ideal Clube, Humberto Cavalcante, a Secretária da Cultura de Fortaleza, Fátima Mesquita, o Presidente da Fundação de Esporte, Cultura, Juventude e Turismo de Maracanaú, Barros Pinho e o Presidente da Academia Cearense de Letras, Murilo Martins.

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Uma espera tipográfica ou sobre como apagar lentamente os sonhos da escrita

24 jan
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Um flagrante de uma quase leitora em potencial

O sentimento seria o mesmo.  O sentimento seria REALMENTE o mesmo?  – Difícil precisar até para si mesma, nem mesmo procurando pelas reminiscências. Como saber que sensação teria  naquela época, após passados quase 20 anos ?  Que sabor doce, quantas batidas no coração, o brilho no olho pela conquista.

Para alguns poderia parecer algo tão ínfimo. Para ela não, relíquia pura, um desses tesouros sem preço definido em que se mostra aos amigos com orgulho. No entanto, com certos cuidados como não trazer à tona na hora das refeições, como durante o café para que ninguém ouse engordurar de manteiga ou sujar. Vá entender o valor de um jornal.

Quantas noites pediu ao Papai do Céu que fosse naquele domingo.  Acordava cedinho e pegava o jornal,  sobre a grama  do jardim.  E em um ímpeto egoísta, não anunciava a ninguém que o jornaleiro já passara. Simplesmente rasgava o saco plástico, ainda sentada na calçada  e  procurava pelo suplemento infantil.   Em vão. Uma paciência de Jó lhe faltava.  Quase um ano de espera e uma esperança miúda por demais, apertava por dentro. Tanto que só saiu publicada a redação, quando a pequena já descansara o entusiasmo. O que não a impediu de ter essa felicidade em mãos e guardada pelos olhos dentro do coração.

O texto escrito em caligrafia cuidadosa veio ao mundo em uma tarde de sábado, durante um concurso de Redação no Shoping Iguatemi. Tempos longínquos, final dos anos 80! Mas, foi algo que a marcou. Levou algum tempo para redigir, pensar nos diálogos,  buscar as palavras. Talvez a mãe tenha ido às compras e deixado a menina ali por enquanto, onde já se viu quebrar tamanha inspiração?

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